Uma Obra Cinematográfica Inesquecível que Permanece em Minha Mente dois Anos Após

Existe uma sensação peculiar que nos invade de repente, como um vazio no peito, um arrepio sutil, mas de uma intensidade tão avassaladora que a lembrança permanece gravada em nossa mente. Isso pode ocorrer ao ler um trecho de um livro, ao contemplar uma obra de arte em um museu ou ao testemunhar um momento específico de um filme.

Falando em cinema, há uma cena que permaneceu gravada em minha memória há dois anos e continua a me perseguir. Um dos filmes que mais me impactou é “Incêndios”, dirigido por Denis Villeneuve em 2011. Villeneuve, o cineasta por trás de obras-primas como “Duna” (2021), “O Homem Duplicado” (2013), “A Chegada” (2016) e “Blade Runner 2049” (2017), dirigiu esse thriller magistral antes de dar o salto para Hollywood com “Os Suspeitos” (2013). É possível assistir a “Incêndios” no Prime Video, seja por meio de compra ou aluguel.

“Incêndios” é uma adaptação da peça homônima de Wajdi Mouawad, e Villeneuve co-escreveu o roteiro com Valérie Beaugrand-Champagne. A história se passa no Canadá e acompanha Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) e Simon (Marwan Maxim), irmãos gêmeos que acabam de perder a mãe, Nawal Marwan (Lubna Azabal). Eles visitam o escritório do notário Jean Lebel (Rémy Girard) para saber do testamento deixado por ela. No documento, Nawal pede que seja enterrada sem caixão, nua e de costas, sem lápide em seu túmulo, e deixa dois envelopes: um para o pai dos gêmeos e outro para um irmão desconhecido.

Apenas após a entrega desses envelopes é que Jeanne e Simon receberão um envelope endereçado a eles, permitindo que uma lápide seja colocada no túmulo da mãe. No entanto, eles nada sabem sobre a existência de um irmão e acreditam que seu pai está morto. É o início de uma jornada em busca do passado da mãe, que os leva à Palestina. Villeneuve desdobra uma história que se desenvolve em diferentes épocas, cativando o espectador desde o primeiro instante.

“Incêndios” é um filme impressionante, e, por mais que o espectador tente, não consegue desviar a atenção da história. Villeneuve sabe como retratar personagens com um toque místico e consegue manter o ritmo, a tensão e o mistério da narrativa sem que ela perca o ímpeto. Tudo isso é pontuado por momentos que levam o espectador a suspirar, a se surpreender e até mesmo a ficar paralisado.

O final de “Incêndios” – um aviso para futuros espectadores – é inesquecível. Não há como esquecer algo assim: ele se instala na mente e permanece lá para sempre, como uma revelação à altura de “O Sexto Sentido” (1999) e “Os Outros” (2001). A história é tão bem construída e elaborada que, uma vez que todas as peças se encaixam, não há volta: você deixa de ser o espectador que era antes e se torna outra pessoa, alguém que terá que continuar assistindo a filmes, sabendo que será muito difícil competir com o que você acabou de ver.

Às vezes, parece ser estranho sentir algo pela primeira vez. Acumulamos tantas experiências que nada mais parece novo, e tudo se torna repetitivo. E então, de repente… você assiste a “Incêndios” e uma nova camada de realidade se revela. Só os melhores cineastas conseguem isso, e Villeneuve, com certeza, é um deles.

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